segunda-feira, 3 de maio de 2010

Família, uma instituição que faz a diferença

As famílias são formadas por diferentes aspectos. É possível perceber as distinções familiares através da classe social, religião, etnia; se rural ou urbana; se pequena ou grande. De acordo com a realidade em que vive e por conta das mudanças na estrutura familiar, os seus membros precisam se readaptar. Veremos a seguir alguns flashes de variados tipos de famílias.

Uma criança de sete anos deseja ter uma mãe “normal” porque sua mãe trabalha o dia todo e estuda à noite, enquanto ela passa o dia num hotelzinho. Um dia ela percebe que a sua mãe é diferente da mãe de seus coleginhas porque ela nunca foi buscá-la na escola.
Uma menina de 15 anos, por ocasião da festa de debutante, queria entrar na igreja de moto; isso sem falar nas músicas que queria que fossem tocadas e cantadas.
Avós abusam de netos e netas.
Pais violentam suas filhas.
Filhos matam pais e vice-versa.

Pais separam na casa um quarto para os filhos receberem as namoradinhas em segurança.
Namorados usam conta bancária conjunta, como se fossem marido e mulher.
Tudo isso porque o mundo mudou e continua mudando. A humanidade não ama a Deus, porque se amasse ouviria o que está escrito em 1 João 2.15: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há, aquele que ama o mundo o amor do Pai não está nele”.

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-o pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12.2)

A família cristã não deve conformar-se com o mundo

Percebemos que o mundo está mudando e verificamos essas mudanças, por exemplo, quando recordamos que em outras gerações havia grandes mobilizações para a realização de um casamento. As famílias envolvidas sempre faziam um planejamento; a noiva tinha uma agenda onde tudo era relacionado e planejado etapa por etapa, desde o noivado.
Hoje alguns pais se surpreendem quando a filha chega em casa e diz: “casamos”. Muitas vezes não tem casa, nem emprego, nem perspectiva de família, muito menos de filhos. E essa situação já está se tornando tão normal que alguns pais parabenizam seus filhos pelo ocorrido. Sabem por quê? Porque nem eles mesmos são casados. Vivem normalmente uma relação de marido e mulher sem nenhum compromisso ou legalidade.
Mas nem tudo está perdido. Ainda existem alguns jovens que refletem sobre esse fato e percebem que sem casamento e sem planejamento não existirá um relacionamento correto. Outro dia uma jovem dizia que se seu noivo a pedisse para viver com ele sem casamento, ela não iria, porque nunca iria sentir-se esposa dele, mas apenas companheira, vivendo debaixo do mesmo teto.
Deus estabeleceu princípios para a família e é desejo dela fazer diferença nesse mundo desordenado. O mundo está mudando e a Bíblia diz que não devemos nos conformar com ele. Sim. Não devemos nos conformar, mas transformá-lo. E a família é uma instituição que pode fazer essa transformação pela renovação dos modos e costumes e pela vivência dos princípios estabelecidos por Aquele que instituiu a família.
Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”, depois Ele disse: “Deixará o homem pai e mãe e unir-se-á a sua mulher e serão ambos uma só carne”.
Como seria bom se o homem vivesse conforme essa palavra. Quantas crianças teriam seus lares ajustados..., quantas receberiam aquele afago que lhes daria segurança e certeza de que tinham uma família..., e quantas veriam seus lares como porto seguro onde todos se amam e se respeitam... O mundo está mudando, mas devemos entender que estamos no mundo para fazer diferença.

Jesus disse que não somos do mundo como Ele também não era, portanto, devemos trabalhar e viver de tal forma que o mundo veja a diferença que existe nessa instituição chamada família.

A família cristã transformando o mundo

Lembro-me da história de duas casinhas, uma alegre e outra triste, localizadas na mesma rua. Na casinha alegre morava uma família ajustada e alegre; na casinha triste uma família desajustada e triste. Um dia aconteceu um desastre na casinha triste e a família ficou desabrigada. A família da casinha feliz alojou a família desabrigada em sua casa. Os costumes começaram a ser observados. A primeira coisa foi o relacionamento deles. O respeito, a obediência dos filhos, o tratamento do papai com a mamãe, tudo naquela família era diferente. As crianças chegavam da escola guardavam as mochilas, os sapatos, os uniformes, tomavam banho sem a mamãe gritar ou insistir com elas, depois iam alegre ajudar no que fosse preciso e iam juntos para a mesa. O papai, apesar de ter trabalhado o dia todo, chegava feliz beijando os filhos e a esposa e ainda colocava a mesa ou ajudava na cozinha. E quando iam fazer a refeição oravam juntos de mãos dadas e, conversavam sobre o dia de cada um, sorriam das coisas engraçadas e vivenciavam momentos muito agradáveis. Agradeciam a Deus por tudo que recebiam Dele. Saiam todos juntos para a igreja. A família agregada, observando aquele comportamento, quis saber por que eram tão diferentes se ambas tinham o mesmo padrão de vida, moravam na mesma rua, as crianças freqüentavam a mesma escola. Então, a família feliz falou do grande amor de Deus. Quando a casinha daquela família ficou pronta já não existia mais uma casinha alegre e outra triste, pois ambas eram alegres porque a família cristã fez a diferença.
Por que o mundo está mudando? Porque a instabilidade no sistema de valores deixa as pessoas inconstantes e conseqüentemente altera a estrutura das famílias. Os casamentos são volúveis e os filhos vivem sem um referencial de família por experimentarem essa instabilidade familiar. Os pais divorciados constituem novas famílias e os filhos ficam sem um lar permanente, isto é, cada dia podem estar numa casa diferente. Nessa família moderna os filhos ficam sem saber onde realmente moram.
Quando trabalhava na coordenação do Fundamental de uma escola particular, preenchendo a ficha de uma aluna da Oitava série, ela nos deu três endereços, podendo ser encontrada em qualquer um, dependendo do dia da semana.
A instabilidade no sistema de valores também leva ao desamor, se é que existe desamor. Percebemos que o desequilíbrio é tão alarmante que numa entrevista com uma mãe e seu filho adolescente, a orientadora ficou perplexa quando a mãe olhou para o filho e disse: “Eu não gosto de você”. Ao que o filho respondeu: “Nem eu de você”.

Quem poderia imaginar que uma mãe que carregou seu filho no ventre durante nove meses e amamentou-o seria capaz de um dia se expressar com tanta insensibilidade? O sistema de valores está de pernas para o ar, mas a família que faz diferença, que tem a palavra de Deus como norma absoluta, que interioriza e ministra a palavra de Deus aos filhos, que pratica aquilo que ensina, que “ouviu e aprendeu o que lhes contou seus pais, que não encobre a seus filhos, mas conta às gerações os louvores do Senhor e as maravilhas que fez”. (Salmos 78.3, 4) A família cristã permanece firmada nos princípios divinos fazendo a diferença em meio a uma sociedade tão conturbada.

A família cristã experimenta a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

A família foi instituída por Deus para ser bênção. Ele disse a Abraão que nele seriam benditas todas as famílias da terra. Ela existe para dar sustentabilidade às demais instituições. O que percebemos é que a família para desenvolver bem o seu papel, precisa ter a consciência que Deus deve ser o primeiro lugar em tudo e em todos e o desconhecimento desse princípio é a causa de tantos lares desajustados.
A família que reconhece Deus como Senhor e permite que seja controlador de suas ações é realmente aquela que Paulo, referindo-se à Igreja em Tessalônica disse: “Vos tornas-te modelo para todos os crentes”. É a família modelo que pode ser referencial para outras famílias conforme a história que contamos no início desse estudo. A família pode participar das mudanças desse mundo como instituição equilibrada. O mundo muda, os valores são instáveis, mas a família edificada em Deus permanece firme, independente do momento que esteja vivendo, como disse o apóstolo Paulo: “Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toda família toma o nome, tanto no céu como sobre a terra”.
A família que faz diferença “em meio a uma geração corrompida e perversa” (Fl 2.15) é aquela que mantém um relacionamento sadio e vive na busca da santidade do casamento, impedindo tudo que possa bloquear a integridade da família. Vive uma vida dentro da vontade de Deus e por isso pode experimentar o que é bom, agradável e perfeito, dentro dos planos de Deus. É aquela que incentiva seus filhos a constituírem suas famílias vivendo os padrões divinos. “Olhando para Jesus autor e consumador da nossa fé”.
Como vai a sua família? Ela serve de modelo para seus vizinhos e amigos? O que temos para contar aos nossos filhos? O que nossos pais nos legaram que devemos contar aos nossos filhos? O que estaremos construindo para a futura geração? Será que estamos glorificando a Deus diante de nossos filhos? Será que estamos testemunhando do amor de Deus de tal forma que nossa família seja um modelo?

A família é uma instituição que faz diferença seja na mansão mais rica, na choupana, na palafita, numa tenda, onde for, desde que o criador e sustentador da família tenha seu lugar e que seja o primeiro.
Elizete Fragoso da Silva, PE
* Representante da UFMBB no Nordeste

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