quarta-feira, 24 de março de 2010

Cristãos são expulsos do Marrocos

Por Sérgio Dias 23 de março de 2010
Desde o início de março, agências internacionais de notícias cristãs têm relatado uma série de deportações de estrangeiros no Marrocos, todos coincidentemente cristãos, e despertado a atenção das agências missionárias, convenções nacionais e de organizações de direitos humanos e religiosas. Sob a alegação de realizarem proselitismo (atividade ou esforço de fazer discipulado; conversões) contra muçulmanos, policiais secretos já expulsaram do país cerca de 70 pessoas (inclusive brasileiros), a maioria voluntários de organizações cristãs de assistência social. Segundo especialistas, o Marrocos, de maioria muçulmana, era considerado um país oficialmente moderado em relação às outras religiões.
A agência de notícias Reuters informou que, em 6 de março, as deportações dos diretores e de cerca de 20 funcionários ligados ao orfanato Vila da Esperança, na cidade de Ain Leuh, inaugurou o processo de expulsões. Justamente naquele dia, também de acordo com a Reuters, assumia o poder o novo Ministro do Interior do Marrocos, tido como intolerante ao cristianismo. De acordo com seu site na internet, o orfanato Vila da Esperança espera encaminhar as 33 crianças em atendimento para uma equipe de pais adotivos.
A Aliança Evangélica Espanhola foi a primeira organização cristã a se manifestar. Ela emitiu nota oficial lamentando as deportações e cobrando providências. “Dada a gravidade desses fatos, a Aliança Evangélica Espanhola, que tem mais de 130 anos de defesa da liberdade de religião e de consciência, pede que os órgãos competentes da União Europeia e da ONU tomem providências rigorosas a respeito dos direitos fundamentais inerentes a todo ser humano visando a correção pública do governo do Marrocos diante desses fatos e garantir os direitos fundamentais para todos seus cidadãos e aos estrangeiros residentes no país”.
A partir daquela data, novos relatos de deportações foram acontecendo sistematicamente. Muitos foram presos e interrogados antes da expulsão. Ao chegarem em seus países de origem, os deportados alegaram não terem recebido explicações justificando o acontecido. “Apenas foi dito que meu visto de permanência no país havia sido revogado”, diz um voluntário americano. No dia 11 de março, o governo marroquino fez uma declaração pública de que elas foram consideradas culpadas de proselitismo religioso. Em seguida, afirmaram que o Marrocos tolera todas as religiões e defende a liberdade religiosa.
Algumas das pessoas deportadas estavam envolvidas em trabalhos humanitários, outros eram empresários ou parceiros do Marrocos em negócios estratégicos e eram respeitados nas comunidades.
Estima-se que existam de 1 a 3 mil cristãos no Marrocos. Apesar dos estrangeiros terem autorização de se reunir para cultuar, os cristãos marroquinos não têm essa liberdade.
O orfanato Vila da Esperança foi visitado por missionários da JMM em novembro de 2006.

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